Nível Nove - Departamento de Mistérios

Há tempos que Thomas não dispunha de um período tão extenso de férias ministeriais. Contudo, o retorno às suas atividades nada rotineiras não poderia ser menos fatídico. Assumir o posto de assistência ao Departamento de Mistérios é uma tarefa delicada, que exige do bruxo uma grande responsabilidade quanto aos assuntos sigilosos tratados no nível nove. Mas isso não era suficiente para preocupá-lo. Pelo contrário, Thomas sentia-se extremamente à altura deste cargo e satisfeito com suas prestigiadas contribuições ao departamento desde sua admissão.

Especialmente naquele dia, ele atravessou os corredores ligeiramente, sem o cantarolar característico. Seus olhos se fixavam a porta que resguardava o hall das profecias. Suas intenções permaneciam em segredo diante de sua expressão neutra, que poderiam assustar qualquer passante. Notava-se uma estranha dilatação de suas pupilas logo que o mesmo tocava a notória maçaneta redonda. Logo que adentrou o salão, correu os olhos pela imensidão de prateleiras repletas de diferentes profecias. Uma, em específico, o interessava. A brusca diferença climática, de ameno para congelante, no interior do lugar, já não afetava Thomas. Com a mão direita, tateou o sobretudo que trajava para encontrar sua varinha, empunhando-a em seguida. - Lumus Maxima! - A pronúncia sequenciava a iminente fonte de luz ofuscante que clareava em grande parte o ambiente. Percorreu por dois quarterões os corredores de prateleiras até vislumbrar a cintilante bola de cristal azul, no topo da prateleira, enumerada com os dígitos dois, três e zero. Thomas acenou a varinha em direção a esfera. - Accio! - Tão breve o objeto era atraído até sua mão quanto o bruxo guardava-o em um bolsão interno em seu sobretudo. Momentaneamente, apressou-se em retornar a porta de saída e deixar o departamento. Encontrava-se visivelmente intrigado com o recente serviço a ele destinado.