Primeiro Andar

Se a vida fosse um bolinho de arroz, a cirurgia que Björn fazia naquele momento era os pequenos temperos verdes, ninguém gostava deles, mas eram consumidos pois o bolinho de arroz era delicioso.  Talvez um médico não deva pensar em bolinhos de arroz enquanto suas mãos manuseiam uma varinha, uma varinha que está fechando a barriga de um homem atacado por um Explosivim. O intestino do velho grisalho, que estava deitado e inconsciente na maca a frente do loiro, já havia sido arrumado, os cortes nas tripas fechados e agora Björn cuidadosamente costurava a parte externa de pele. Fez um gesto delicado com a varinha e arrematou os pontos.  – Agora você cuida disso. –  Proferiu descontraidamente para o outro médico. Deixou a saleta onde operava e fez o monótono procedimento de retirar as vestes sujas e limpar-se.

Sua casa em Hogwarts poderia ser a casa das cobras, os esnobes sonserinos, amantes do verde e da popularidade, mas o verde que encontrava-se no uniforme de trabalho do homem o enjoava. Assim que achou-se sozinho dentro de sua sala com paredes brancas, ilustrações sobre medicina e uma mesa escura, Björn livrou-se da camiseta verde a substituiu por uma branca. Livrando-se, em partes, daquele verde enjoativo. Recostou-se na confortável cadeira giratório, os pés foram displicentemente colocados sobre a mesa e em mãos um prontuário, que St. Germain havia enfiado goela abaixo em Björn.

Os olhos, que recebiam apoio de uma pesada camada de lente de aumento, percorriam as linhas e faziam as engrenagens do cérebro do homem funcionarem, lembrava-se de quando era criança e era obrigado a ler os antigos livros da biblioteca do avô. Era um menino pequeno, esguio, com o nariz e os orbes azuis enfiados em páginas velhas e mal cheirosas. O pensamento o fez rir, durante a adolescente odiava mentalmente seu avô, mas depois que o velho partiu, Björn perdeu uma parte de seu próprio coração.

Percebendo que seu foco desvia-se de seu objetivo – que era ler o maldito prontuário que a chefe havia mandado – Björn decidiu larga-lo e seguir para o seu próximo paciente. Observando as letras miúdas da atendente do saguão, observou que era uma senhora que havia sido atacada por duendes. - Vamos lá, Björn! É só mais uma velha senhorinha simpática. - Tentou convencer-se em voz alta.
[POSTAGEM FINALIZADA]